uma chaleira de água fervente,
varal de desejos revoando ao vento
papel amarrotado, rascunhos nunca passados à limpo
meus sonhos se costuram, tecidos do meu olhar o mundo
e todos eles, um a um, transbordam no meu ir e vir
e vertem toda uma fantasia diária
que inunda meus olhos utópicos
embotados de luz e encontros imaginados.
estes são os meus sonhos
que deixam de ser meus quando os conduzo
com as rédeas de minhas lembranças em cacos
e atravesso os vales do meu passado, sombras da manhã de hoje.
e estas reminiscências de que falam meus olhos
são o chão que eu piso em passos concretos
o ar que eu respiro névoa de incenso
um quebra-cabeças em meus pulmões
e são as asas das conversas descompromissadas
que me levam pras veredas do improviso
até que elas se derretam no delicioso emaranhado de risos
numa noite fresca à guisa de cervejas bem geladas
os meus sonhos são assim
contornos sobrepostos, rabiscos imprecisos
cores além das margens, dos ritmos, as músicas
e se assim dançam é porque existem personagens
que os fazem eternos, por uma noite infinda
monólogo interior em coro grego
no espetáculo de todos os sonos acordados
ou em pleno estado de lirismo.
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