o vento é cego e segue
e tateia o ar que esperneia
persegue e consegue
levantar poeira no monte de areia
e passa cede e seco
na calada da madrugada
sem medo e sem pejo
do nada fazendo uma charada
demora e se enrola
e atrasa a caça
porque rola uma gaiola
com graça numa praça
o vento come e some
- se apresse e saia de viés
pois o“home” com fome
ainda te cobre de ponta pés
o vento passa apressado
corre num porre
calado e não deixa recado
- alguém o socorre, pois ele ainda morre
ele balança os galhos que começam a dança
sem querer dançar, formando um lindo par
em suas andanças ninguém o alcança,
pois do ar ele entende, como o peixe do mar
ele dá as caras por aqui e logo está zombando por alí
tropeça no ar e vão as folhas levantar
e num redemoinho estão a subir e só vão cair
quando ele parar, mas nem tão cedo vai se cansar
o vento se esvai e não sabe pra onde vai
corre pra lá, mas de lá vem outro ele volta pra cá
e começa tudo de novo o seu louco jogo
agora a chuva cai, e é com ela que ele vai
o vento não é um espanto, tão menos um santo
por ser invisível, em travessuras é imbatível
é tão bom no canto, que até faz acalanto
com incrível dom, faz até dormir o impossível.
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