Perdi uma mulher uma vez. Perdi-me entre suas coxas quentes, como que me atraindo. Ficou uma ferida exposta e a lembrança do calor das coxas, dos gemidos noturnos...
Percebi que para onde quer que se olhe, o asfalto cede em Francisco Morato, como um órgão a nos absorver. A terra ruindo o asfalto, mastigando o asfalto com seus dentes de pedra. Como nosso passado exposto e inalienável. A terra come os nossos pés, nossa marca: os pés sujos de terra, de pó, o pó comendo os nossos pés, às vezes descalços. O nosso passado de terra a nos assombrar; a terra de pernas abertas a nos devorar.
Por todos os lados as coxas abertas – terra - as bocas abertas - terra...
