Pense só por um segundo
O mundo
Essa bola pulsante
Rodopia ululante
flutuando no nada
como uma Roda gigante encantada
Sem freio, não para
e impõe à poesia
ser fenda rara
Na brutalidade do dia
Uma válvula de escape
Dos descasos diários
xeque-mates
Previdenciários
presidenciáveis
dos roubos e saques
Da nossa dignidade
o que de nós se espera
com os dois pés sobre essa esfera
na luta sem equidade
contra a besta fera
do abismo dessa sociedade
em que muitos pouco tem
e poucos nos tiram tudo
fazendos-nos reféns
da maior taxa de juros
o que nos cabe é fazer da poesia
a última bala
O Derradeiro suspiro
O certeiro tiro
para amenizar o cansaço
no corpo os maus-tratos
e lançar abraços
Desarmados
Descarados,
Sem contratos
A quem estiver disposto
A fortalecer laços
chegar junto de fato
Mesmo sendo o seu oposto
aposto
espana o tempo
nem que seja nesse mínimo momento
do encontro vivo
Olho no olho
Aqui e agora
Gil Miri