A Corrente da Salvação
Paulo, um homem, com seus mais de 50 anos, casado, situação estável, sem filhos e empresário. Não muito feliz na sua vida conjugal. Vai a um bordel e tem relações com uma jovem que acabara de chegar ali e a engravida. Luana quer ter o filho. E vai atras do pai. Ele não pode assumir a criança. É casado. Dar-lhe uma boa quantia em dinheiro e pede que nunca mais o procure.
A criança nasce. A mãe, está muito doente. Não conseguirá cuidar da criança. Sua família vive em outro Estado, não há o que fazer. Novamente, Luana vai procurar o pai. Deixa a criança na porta de sua casa, numa manhã fria. No seu pescoço uma corrente de ouro, com um pingente com os dizeres: “Mãe, sempre te amarei”.
Ao sair para trabalhar, Paulo e sua mulher Marisa, encontram o bebê. Ela quer chamar a polícia, quer entregar a criança a um orfanato. Paulo ao reconhecer a corrente, diz que gostaria de ficar com a criança, que era um presente de Deus, já que nunca puderam ter um filho. Marisa desconfia da atitude do marido, mas concorda a contra gosto.
A criança passa alguns anos sob seus cuidados. Marisa nutrindo um desprezo cada vez maior por Claudio - nome que escolheram para o menino - a despeito do carinho e amor que Paulo lhe oferece desmedidamente. Um dia, no entanto, Paulo sofre um ataque Cardíaco e morre. Claudio, então com 10 anos, fica sob a responsabilidade de Marisa, e desde então é maltratado e mantido preso no quarto sem nenhum contato com o mundo exterior. Marisa diz que ele é adotado, que sua mãe é uma prostituta, que ele é culpado pela morte de seu marido, que se ele tentasse fugir, o cortaria em pedacinhos e daria aos cachorros. A repressão perdura por vários anos a fio. Ele tenta fugir algumas vezes, mas é pego e paga caro por isso, sendo espancado e ficando sem comida.
Alguns anos mais tarde, por um descuido dos empregados, Claudio consegue fugir da mansão em que passara mais de 6 anos encarcerado, longe do contato com pessoas, de tudo. Marisa entra em desespero, quer encontrar o garoto. Corre por todos os cantos da propriedade em seu encalço. Num cálculo impreciso, erra o degrau e rola escada abaixo. Bate a cabeça. Quando os empregados chegam para socorrê-la é tarde, Marisa já não está mais respirando.
Sem rumo Claudio vagueia pelas ruas. Está anoitecendo e começa a chover. Ele chega a uma área muito movimentada: carros por todos os lados, pessoas com guarda-chuvas, outras correndo, fugindo da chuva. Para Claudio, um verdadeiro caos. Tenta atravessar a rua e é quase atropelado duas vezes... cresce-lhe um grande temor... Chora e suas lágrimas se misturam com a água da chuva que escorre pelo rosto. Foge para um beco... Um lugar mais calmo e escuro, com o qual estava acostumado.
No beco, encontra uma mulher subindo em uns caixotes empilhados, para colocar uma corda em seu pescoço. Está desesperada, grita e xinga palavrões desgraçando a vida e dizendo que não agüenta mais sofrer, que Deus a abandonou, que é injusto e que a única solução é a morte. Claudio se aproxima receoso. Pede para que desista. Implora. Mas a mulher está decidida. Já com a corda no pescoço, diz antes de pular: você também devia fazer este favor a você. Claudio corre, e consegue libertá-la a tempo.
A mulher tosse convulsivamente, ao começar a se recuperar, xinga e bate em Claudio desvairadamente, dizendo que não queria ser salva. Pára de repente. Reconhece a corrente de ouro em seu pescoço. Chora. Olha para o céu chuvoso. Agradece e pede perdão a Deus repetidas vezes. Claudio não entende nada. Luana, que há muito anos vagava pelas ruas, mendigando e sendo maltratada por todos, explica-lhe tudo. Os dois se abraçam. Choram incontroladamente.