Cecília, neste belo poema, evoca a simplicidade profunda e transgressora contida no poema "No meio do caminho" de Drummond e a transporta para outras possibilidades: a solidão em fagulhas de imagens... bem, chega de papo e vamos ao poema:
No meio do mundo faz frio,
faz frio no meio do mundo,
muito frio.
Mandei armar o meu navio.
Volveremos ao mar profundo,
meu navio!
No meio das águas faz frio.
Faz frio no meio das águas,
muito frio.
Marinheiro serei sombrio,
por minha provisão de mágoas.
Tão sombrio!
No meio da vida faz frio,
faz frio no meio da vida.
Muito frio.
O universo ficou vazio,
porque a mão do amor foi partida
no vazio.
Cecília Meireles, in 'Mar Absoluto e Outros Poemas' - Poesia Completa Vol. 1.
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